quinta-feira, 3 de abril de 2008

Bom dia.

Bom dia. Desculpe o atraso. Que trânsito, hoje.

Pois, bem sei, a sra de há pouco disse-me a mesma coisa. Teve de correr para conseguir ter a consulta toda.

Ui, que horror.

Então, conte-me. Como tem sido a vida?

A vida? Normal…Ouviu falar dos neurónios da empatia?

Humm, não. E a mudança abrupta com esse tema parece uma provocação. A menina anda perita em provocações.

Oh, não, entendeu mal. Queria apenas ir directa ao assunto. Se calhar não fui muito empática. Mas não é a minha função nesta troca, comunicação, relação, conversa…enfim, os vários nomes que já reparei chamam a estas consultas.

Está enganada. Também é sua função.

Ora essa, eu pago-lhe. E ouviu?

O quê?

Falar dos neurónios. Da empatia.

Não. Novidade congressista?

Não, para o grande público! Dizem que existem uns neurónios responsáveis por respostas empáticas ao sofrimento dos outros. Bom, não necessariamente apenas ao sofrimento…agora que penso, porque não às alegrias?

Às alegrias é fácil.

Acha mesmo? Vê muita gente contente com o contentamento dos outros?

Contentinha, sim.

Ah sim, os contentinhos. Esses existem aos montões. Perdão, fui eu que escolhi mal a palavra. Felizes.

Tem razão, felizes com a felicidade dos outros também é tarefa difícil. Digamos que os extremos são difíceis.

É estranho ser difícil, não acha? Porque torna a coisa natural, o facto de até haver uns neurónios próprios dos humanos para o fazer! Como algo natural se torna numa tarefa difícil?

Se calhar estão a desaparecer. Esses neurónios. É natural, nos tempos que correm. Será selecção natural?

7 comentários:

joana pais de brito disse...

Falta de empatia pela felicidade dos outros. Há uma palavrinha para isso...
Arrepiante palavrinha. E que frio que é quando passa por nós.

Anónimo disse...

Aquela que começa por i, acaba em a, e tem 6 letras? Fui agora ao dicionário ver a definição dessa palavra, e fiquei bastante perplexa ao ver que existem várias possibilidades, não compatíveis, parece-me, entre si. Aqui vão as duas: 1)desgosto ou pesar pelo bem dos outros; 2)sentimento de cobiça pelo que os outros possuem.

Se a primeira é horrível, a segunda não acho necessariamente má.

E ainda há aquelas pessoas que não sentem, que simplesmente não sentem nada pelo bem dos outros. Não querem saber, a não ser que isso os afecte directamente. Que triste, não é? Como desperdiçamos qualidades que pelos vistos a própria biologia nos deu...

joana pais de brito disse...

encontrei outra:

EMULAÇÃO

que, por sua vez quer dizer :

sentimento que nos excita (?); para igualarmos ou exedermos outrem; estímulo; rivalidade; brio; competência.

Naaaa...

na verdade, nenhuma definição traduz bem esse sucedâneo de sentimento.

SUCEDÂNEO DE SENTIMENTO, até nem era mau de todo...

Anónimo disse...

Excelente definição, Míscaro! SUCEDÂNEO DE SENTIMENTO! Vou adoptar! Atenção, não vou adoptar para mim...eu prefiro sempre chocolate puro, o que consumo, e o que dou aos outros.

joana pais de brito disse...

"what the world needs now..."

...toneladas de kinders !

Ruben disse...

tosco






do Lat. *tuscu


adj.,
que não é lapidado nem polido;

grosseiro;

malfeito;

tal como a natureza o produziu.


(...) Ou seja... pessoa reduzido número de neurónios de empatia.

Anónimo disse...

Pois aí é que está o paradoxo...porque parece que a natureza até produz seres com capacidade empática, mas quantos "toscos", não lapidados nem polidos, grosseiros, etc etc, se apanham pelo caminho...estranho, não é?