Dr., aconteceu-me uma coisa estranha.
Diga diga. Mas vá subindo aqui para a balança.
Despida?
Sim, despida.
Lembra-se daquele sinal? Aquele...
Humm, está mais pesada. Bom sinal.
O outro sinal. Aquele que foi crescendo, crescendo...
Sim sim.
Pois aconteceu-me uma coisa muito estranha.
Hummm. As análises também estão boas.
Desapareceu.
Como desapareceu?!
Desapareceu, Dr. Não sei como. Acordei e ele já não estava lá. Foi terrível.
Terrível? Mas isso é óptimo! Não terá de fazer aquela intervenção...
Oh não, eu não a iria fazer...passei a amar o meu sinal.
Não a estou a entender.
Descobri que o amava. Foi um processo longo...e agora este luto...
Isso é bom sinal. Talvez. Que o tenha passado a amar. Ao sinal.
Sim. Odiei-o um dia. Como sabe...
Oh sim, se sei. Até lhe disse na altura que era disparatado, no fundo até era um sinal bonito.
Bonito não era. Era feio. Nojento para alguns. Lembra-se como não podia mostrar o meu pescoço...Pois bem, agora andava sempre de cabelo apanhado, como que a exibi-lo.
Faz bem, tem um pescoço lindo.
Mas e agora? O que faço? Será sinal de alguma coisa?
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4 comentários:
Como calculei, este texto suscitou menos comentários...resta saber se é porque não gostaram, ou por outra razão qualquer.
Não gostaram?
Beijinhos
Achei o texto intrigante, mas não quer dizer que não tenha gostado.
É intrigante porque é diferente dos anteriores.
Mas até acho que compreendo o que lá dizes. É um texto, vendo bem, bastante profundo.
Se compreendi bem, é até trágico: amar o que somos, mesmo quando sabemos que não achamos bonito o que vemos.
Em desespero de não ter a quem mostrar, vêmo-lo nós próprios.
É um dos processos de crescimento: quando vivemos um bocadinho mais para nós do que para os outros.
Para falar verdade, à segunda leitura, comoveu-me.
Gostei do texto. Gostei dos sinais que dás!
Mas de um modo geral, gosto de sinais. Refiro-me àqueles que nos mantêm num ambiente de semi-mistério,pelo gozo do jogo sem vencedores nem vencidos. "Não sei se percebi bem...acho que sim...". E a tensão vai subindo.
Quando não é bem assim, temos, por ex., os sinais que só são utilizados pelo medo de se ser claro. E se há medo, é porque a coisa não é famosa...Esses, não têm mesmo graça nenhuma, e cada vez tenho menos paciência para os aturar.
É lindo este texto e muito profundo. A Inês sabe bem como chegar ao coração das pessoas e diz as coisas certas de uma forma, ao mesmo tempo, tão simples e tão profunda!
Beijinhos,
Inês
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