terça-feira, 13 de maio de 2008

Porque sim?

Há dias terríveis.

Não te queixes! Olha para o que tens de bom. O mundo está cheio de coisas boas, só não olhamos para elas porque são adquiridas.

Mas…

Não há mas. Olha para este céu azul, haverá igual? E o verde das árvores? E a comida que tens e outros não têm? E a cama que tens para dormir? E os teus amigos? E a tua família? E os livros bons que gostas de ler?

Mas…

E o que aprendeste com o que viveste? Não dás valor? E à pessoa que te tornaste? E à música! Ninguém te tira a tua música.

Não é isso, é que…

A arte. Não te consola uma boa obra de arte?

Sim mas…

Não há mas. Além de mais, isso da sorte e do azar é muito relativo. Tudo é construído. Co-construído. Nunca ouviste falar da co-construção? Se te falam mal é porque tu deixas. Também participas. Se te pisam é porque deixas que te pisem, porque não tens amor próprio. Se abusam de ti é porque deixas que abusem. Isso da sorte ou do azar não existe, tudo depende da forma como olhas para o conteúdo. A significação, dizem. E...

Posso falar? Mas que difícil és…Há dias em que realmente as coisas não correm bem. Não quer dizer que continuarei a ter azar amanhã, depois de amanhã, o resto da vida. Às vezes mais vale aceitar que tivemos azar, e que amanhã será melhor…Por alguma razão dizem que temos de ter resistência à frustração. Resistir também é aceitar o que corre mal, não? Porque de certeza que alguma coisa correrá mal.

Essa é uma forma passiva de encarar a vida. A vida não corre mal porque sim.

Algumas vezes, parece-me. Dizem as probabilidades. Não podes querer a perfeição. Uns dias são sim, outros são não. Não será também esta uma forma positiva de encarar a vida?

Incrível como este diálogo mudou em tão pouco tempo. Bom, bem vistas as coisas, já passaram uns dias. Isto do tempo é muito relativo, mas isso são outras histórias. A optimista era eu, mudámos de personagens! Dizes-me agora que o verdadeiro optimista é o que aceita?

O que aceita o acaso, sim. Mais uma vez repito que aceitar não significa simplesmente resignar-me, mas saber realmente o que posso controlar.

Pois lá está, dás-me razão. Só nos podemos controlar a nós próprios. E à forma como olhamos para o imprevisível.

Estou a perder o controlo. Teremos de terminar esta conversa.

Aproveita esse momento. É do melhor que há.

2 comentários:

Anónimo disse...

"Olha para o que tens de bom!"
À volta e dentro de ti. É preciso manter, construir, reconstruir...e, sobretudo, acreditar nos nossos recursos. Às vezes a auto-estima vai-se abaixo...e "onde estão os recursos"?... Nada, um vazio. Terrível para quem tem necessidade de controlo e, nesses momentos, nada faz sentido. Só o silêncio, que também é um recurso, e a mim me parece um dos mais poderosos para restabelecermos a ordem. E a verdade é que, com um pouco de "sorte", as coisas se vão compondo. Convosco isto também acontece?

Ruben disse...

Ora nem mais. Acreditando que vou participar numa quota parte da (re)construção. sim, porque acreditar que vou fazer parte do processo faz com que me sinta vivo e capaz de vencer barreiras. Mas, isto às segundas, terças e quintas... nos outros dias deixem-me acrediar que não consigo... faz parte.