Alto! Parai! Avisto alguém ao longe.
Cavaleiro, tenho algo para entregar-vos. Peço-vos paciência, pois esta linguagem é nova para mim. Estou habituada a viver neste outro século, em que a lentidão é camuflada pela rapidez tecnológica. E cavaleiro, sabeis bem que viajar para o futuro através do passado é uma ideia peregrina. Pelo menos quando a expomos assim, sem antes apresentarmos as premissas e o tipo de raciocínio efectuado que nos permitem averiguar sobre a sua validade. Retirarei as minhas botas enquanto vos falo, para me assegurar de que mantenho os pés bem assentes na terra. Manterei este anel que me haveis oferecido há já anos, esperando que me ajude a ligar os dois planos, a ficção e a realidade. Gostava que os leitores pudessem aceder a esta imagem, esta aqui, que eu calculo que se uma imagem for guardada por muitas pessoas ela permanecerá mais vívida em mim, é o princípio sistémico sobre o efeito do todo no indivíduo. Sei bem, cavaleiro andante, que nenhuma imagem, nenhum texto, nenhum símbolo poderá condensar-me a vida, porque ela teima em passar, assobiando. Mas meu bem, apenas quando as imagens se tornam nítidas eu posso permitir que elas adquiram a sua liberdade, imaginai imagens foscas por aí a pairar, seria inaceitável, incompreensível. Perdoai-me, disperso-me. Dizia que seriam necessárias imagens de antes para que pudéssemos viajar no futuro, teremos de ir atrás para podermos ir à frente, e vendo bem tudo isto não será tão peregrino assim.
Porque me observais tão atentamente?
Permiti-me que continue o meu discurso, segura de que terminarei respondendo às vossas questões, mesmo sem querer. Numa lógica linear, o movimento seria simples e directo, consistindo num afastamento, como quem luta contra um adversário e lhe espeta a espada assim, com este movimento seco (imaginai o movimento brusco acompanhado de uma cara de repúdio). No entanto, sabeis como em seguida carregamos o fardo dessa brusquidão, insistindo em repetir o movimento vezes sem conta, numa busca incessante pelo dia em que, cremos, algo para sempre se modificou. No entanto, pensemos os dois em conjunto, a libertação exige a pertença, quem inventou isto não estava para brincadeiras simplistas. Isto para explicar-lhe(s) esta procura incessante pelas partes de mim que andam por aí espalhadas pelo mundo, um braço aqui, uma perna acolá. Entende, querido, terei antes de juntar todos os teus bocadinhos, o que é o mesmo que juntar todos os meus bocadinhos (posso aqui dar-me a estes luxos de não fazer distinções), e trazê-los comigo assim, neste movimento contínuo, como no aikido (imaginai um movimento lento, harmonioso). Observo por isso atentamente a vossa sobrancelha, que curiosamente forma um quadro conhecido na sua relação com o meu olho, na esperança de que esta imagem nítida fique para sempre guardada. Em troca desta imagem ofereço-lhe uma das minhas tranças. Por favor cuide bem dela, é uma trança mágica. E assim nessa união poderemos, com toda a segurança, ser livres.
Cavaleiro, tenho algo para entregar-vos. Peço-vos paciência, pois esta linguagem é nova para mim. Estou habituada a viver neste outro século, em que a lentidão é camuflada pela rapidez tecnológica. E cavaleiro, sabeis bem que viajar para o futuro através do passado é uma ideia peregrina. Pelo menos quando a expomos assim, sem antes apresentarmos as premissas e o tipo de raciocínio efectuado que nos permitem averiguar sobre a sua validade. Retirarei as minhas botas enquanto vos falo, para me assegurar de que mantenho os pés bem assentes na terra. Manterei este anel que me haveis oferecido há já anos, esperando que me ajude a ligar os dois planos, a ficção e a realidade. Gostava que os leitores pudessem aceder a esta imagem, esta aqui, que eu calculo que se uma imagem for guardada por muitas pessoas ela permanecerá mais vívida em mim, é o princípio sistémico sobre o efeito do todo no indivíduo. Sei bem, cavaleiro andante, que nenhuma imagem, nenhum texto, nenhum símbolo poderá condensar-me a vida, porque ela teima em passar, assobiando. Mas meu bem, apenas quando as imagens se tornam nítidas eu posso permitir que elas adquiram a sua liberdade, imaginai imagens foscas por aí a pairar, seria inaceitável, incompreensível. Perdoai-me, disperso-me. Dizia que seriam necessárias imagens de antes para que pudéssemos viajar no futuro, teremos de ir atrás para podermos ir à frente, e vendo bem tudo isto não será tão peregrino assim.
Porque me observais tão atentamente?
Permiti-me que continue o meu discurso, segura de que terminarei respondendo às vossas questões, mesmo sem querer. Numa lógica linear, o movimento seria simples e directo, consistindo num afastamento, como quem luta contra um adversário e lhe espeta a espada assim, com este movimento seco (imaginai o movimento brusco acompanhado de uma cara de repúdio). No entanto, sabeis como em seguida carregamos o fardo dessa brusquidão, insistindo em repetir o movimento vezes sem conta, numa busca incessante pelo dia em que, cremos, algo para sempre se modificou. No entanto, pensemos os dois em conjunto, a libertação exige a pertença, quem inventou isto não estava para brincadeiras simplistas. Isto para explicar-lhe(s) esta procura incessante pelas partes de mim que andam por aí espalhadas pelo mundo, um braço aqui, uma perna acolá. Entende, querido, terei antes de juntar todos os teus bocadinhos, o que é o mesmo que juntar todos os meus bocadinhos (posso aqui dar-me a estes luxos de não fazer distinções), e trazê-los comigo assim, neste movimento contínuo, como no aikido (imaginai um movimento lento, harmonioso). Observo por isso atentamente a vossa sobrancelha, que curiosamente forma um quadro conhecido na sua relação com o meu olho, na esperança de que esta imagem nítida fique para sempre guardada. Em troca desta imagem ofereço-lhe uma das minhas tranças. Por favor cuide bem dela, é uma trança mágica. E assim nessa união poderemos, com toda a segurança, ser livres.
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