P: Wendyzinha…
W: Peter! Ainda bem que apareceste! Peter tenho de te contar já, ontem esteve cá um conjunto de personagens de vários filmes, e comentámos que o capitão gancho anda desaparecido, inclusivamente do facebook. Houve de tudo, simulámos até as lutas dos filmes. Tive medo que nunca mais voltasses.
P: Sabes que não perco uma festa dessas. E prometi-te estar sempre presente. Como podes duvidar?
W: Não dependes de mim, menos ainda do meu desejo. Guardei-te o olho da Sininho. Estive indecisa entre o olho e a mão, a sininho tem umas mãos deliciosas. Que saudades Peterzinho. Falávamos sobre a necessidade de estar disponível para que algo surgisse, e resultou! Fui-me deitar a pedir-lhe que te criasse hoje, nestas horas em que escreve, e prometi-lhe estar disponível para as várias personagens. Olhou para mim e sorriu-me, sabes aquele sorriso de quem ama e protege e te permite ser espontâneo? Peter, sei que não estás ainda por dentro destes conceitos, mas ser espontâneo não significa impulsivo ou sem controlo. As palavras que te digo são pensadas, por vezes escolhidas a dedo. Digo-te isto não vás pensar que o meu amor por ti é fruto apenas de um desejo incontrolável. Disse-lhe então: poderás (temos uma relação próxima, informal) criar algo em que entre o Peter? Porque a Mary Poppins tinha-me dito que era necessário operacinalizar os sonhos, e eu resolvi operacionalizar-te a ti. Foi ainda antes de me deitar, no cheio da noite. Sabes que é no negrume que nos juntamos todos, e durante o dia, dependendo da luz, que por sua vez depende do humor do técnico (quantas dependências meu deus), de dia surge iluminada uma ou outra personagem. Nem ela tem todo o poder de te pôr em cena, são muitas variáveis. Desculpa se são muitas palavras e poucos parágrafos, ler-me-ás assim também de seguida? Tenho pouco tempo para todos os assuntos a tratar. O tom seguinte é sério, prepara-te, e se estiveres atento notarás estas mudanças, a palavra “tratar” introduziu um tom emocional neutro, como se falássemos de um negócio. Desculpa, podes colocar o Peter Pan a fazer-me uma pergunta que me ajude a estruturar o discurso?
P: Diz-me para te perguntar se te tens sentido a mesma, porque te tirou as lágrimas durante um tempo.
W: Foi ela então! Tem-me roubado o sentir!
- Apenas o mau Wendy, desculpa intervir na conversa. Precisei de fazer a experiência. Pensa bem, o que acharias tu de mim se um dia descobrisses que afinal todas as tuas lágrimas foram uma ilusão que justificou um outro desejo, Wendy. Nem sei bem como dizer isto a alguns de vocês, imagina então aqueles com mais dificuldade em expressar-se, ficarão furiosos.
W: Peter, podes traduzir-me por miúdos o que nos diz?
- Imagina tu se por um acaso a necessidade básica, primária, é a de mudança. Explico-te de outra forma: porque mudas, Wendyzinha?
W: Para retirar as minhas lágrimas.
- E se tudo for ao contrário, e te disser que as tuas lindas grossas lágrimas não existem senão para que sintas que te tens de transformar? Como no filme que vimos na 6ª. A identidade está na luta, Wendy, não no conteúdo das lágrimas. Elas constituem apenas a razão que te dou para mudares.
W: Se me disseres não acreditarei. As minhas lágrimas estão no início, não no fim do processo! Peter, faz alguma coisa, ela está a tirar poder às minhas lágrimas! Por favor, diz-lhe que não teorize num dia como este, que nos tira espaço para os dois, logo hoje que me disponibilizei. Explica-lhe que nos amamos, e que só temos estas parcas horas para falarmos um com o outro: então como estás tu? Bem, e tu, o que fazes? e nisto quem sabe até voar um pouco, tinhas-me prometido um voo como prenda de anos. Enquanto escreve eu posso finalmente sentir o vento na cara, ao ponto de ter de fechar os olhos, tal é a vertigem. Sou mera personagem, só quero sentir o vento, só o vento, só o vento. Vuuuuuuuuuuuuuuuuu. Se a história mudar que não me tire o vento, não o vento, não o vento. Saem-me lágrimas dos lados, mas é da velocidade. E agradece-lhe rápido o vento e as lágrimas destes minutos finais, Peter Pan. Que julgo, ou sinto, que lhe estão a acabar as palavras.
4 comentários:
o olho ou a mão? eu nem reparei, nestas coisas não sou esquisita, mas deve ter sido um pé (ou talvez o rabo!) mas muito saboroso! :P
Vuuuuuuuuuuuummm!!!
Wendyzinha, este é dos difíceis...
Mas lágrimas não!
Beijinhos!
melro,
não és esquisita mas lá te vão calhando umas partes interessantes...;)
B77,
estas lágrimas são boas, são da velocidade...:)
Beijinhos
Oh, falava das de cima. As de baixo gosto!
Já agora, cuidado com as velocidades, que anda por aí aquele cão desvairado! :))))))
Beijinhos!!
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