quarta-feira, 1 de julho de 2009

Este post não é sobre o Charlie Brown

O que estudas?

A histórias culturalmente disponíveis que as pessoas utilizam.

Que utilizam para quê?

Para dar passado e presente e futuro às suas vidas. Interessas-te realmente pelo que estudo?

Claro, caso contrário não perguntaria. Gosto tanto de ti. E diz-me, há muitas histórias?

Na base serão poucas. Mas claro, poderás inventar uma infinidade delas, se as combinares entre si. Porque gostas de mim?

Não sei. Gosto dessa tua forma de comeres os espinafres com queijo.

Não me digas que me babei a comer. Morro de medo que isso me aconteça.

Não. Julgo que é o prazer de estar que passa por ti. Estás aí.

Estou. Talvez por isso a Teresa goste tanto de me alimentar. Sabias que há pessoas que têm uma esquizofrenia numa língua e noutra não?

A sério?! Isso é tão giro.

Sabia que ias gostar. Achas que é porque os arquétipos culturais são diferentes? Utilizam outra forma de formatar o mundo?

Em que outro país gostarias de viver daqui a 10 anos?

Não sei…se fosse viver para o Japão ias visitar-me?

Claro. Nessa altura a distância impunha a necessidade de nos encontrarmos. Talvez fosse até uma forma de nos vermos mais. Come mais caril.

Não quero mais. É tão bom estar aqui contigo. Achas que lhes diga?

Para quê? E além disso é indiferente. Que saibam ou não.

Porque é tão bom? Tenho tantas saudades, agora que te ponho a falar comigo. Sabes que às vezes faço isto, só para me lembrar das saudades que tenho tuas. Prometo que me lembro de ti tantas vezes. Prometo até que falas comigo tantas vezes. E dizes disparates, e rimo-nos tanto os dois. Prometo que te dá saúde, porque não é possível que a quantidade de riso que te dou à personagem não te dê saúde. De vez em quando também falamos a sério, apesar de ser difícil. Ponho-te a falar comigo sobre arquétipos e assim, mas no fundo sabemos que nos estamos a rir e assim. Algumas pessoas, o João por exemplo, julgam tantas vezes que este meu ar interessado, peremptório, por vezes mesmo exaltado a falar de arquétipos e assim, que sou eu a pensar que eles existem mesmo, e põem-se a contrapor com outras palavras. Que não, que isto dos arquétipos não é nada como pensamos. E que angustiados que somos, caso contrário utilizaríamos outras palavras para estes estados, e falaríamos antes de outros assuntos, chatos dos psis. Não entendem eles que mesmo quando nós discutimos, quando discutimos assim alto os dois, que tu a discutir elevas um pouco a voz. Sabias? Porque também te ris alto, tinha de te dar coerência. Vês logo como é alguém pela forma como se ri, ou como não se ri. Não entendem eles que quando discutimos há um riso profundo que nos protege.

5 comentários:

Anónimo disse...

Não... hoje não venho comentar o texto.
Venho elogiar a mudança de 'visual' do blog, que torna tudo mais leve... e o facto deste último texto me parecer de uma Inês um pouco mais optimista (digo eu...), gosto de sentir isso =)

Beijinhos ***
Inês

inês disse...

Obrigada Inês, pelo elogio :)

Quanto ao pessimismo que sentiu nos meus textos anteriores...já os foi ler com o visual novo? ;)

Beijinhos

Anónimo disse...

Reli-os com o visual novo... continuo a sentir algum pessimismo, mas esbateu-se um pouco. Talvez seja porque algumas coisas me 'assustam'.. como o futuro influenciar tanto o passado como o contrário, a história da circularidade...

Beijinhos ***
Inês

Anónimo disse...

Este texto é tão bonito!
Profundo, terno, e ao mesmo tempo escrito num estilo muito engraçado! :)
Parabéns!

inês disse...

Obrigada anónimo! :)

Estou de férias mas de vez em quando vejo os comentários...sobretudo estes! ;)