sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cathy (clique aqui)

Há cinema nas conchas hoje.

Hoje não posso. E nunca nos encontraríamos. Não te conheço.

E sabes, o cinema nas conchas é maravilhoso, porque estamos no meio das árvores, e está um ligeiro fresco à noite.

Tens um sítio fixo para escrever? Qual é o teu perfil? Tens de acrescentar informação ao teu perfil.

Sentes-te parte de algo maior. E há o barulho das rãs juntamente com o barulho do ecrã gigante. Impressionou-me o silêncio das pessoas. Andaremos todos desejosos de silêncio? Deve ser a minha vontade que o sentimento seja geral. É geral?

Andamos todos cansados, sim. É o fim do ano lectivo.

Gostava de conhecer o Rodrigo Leão.

Tens sabido do João? Porque choras?

Choro sempre a ouvir esta música. É tensa mas calma, entendes? Ando comovida com tudo, o que queres. Comovo-me a olhar para a planta, e a contar os fios dos nervos e a ver forma que assumiu para ir de encontro à luz. Comigo a gostar do filho do João. Com os jaquinzinhos que estavam tão bons. Com o teu cabelo despenteado.

Eu não tenho o cabelo despenteado. Que idade tens?

Tinhas sim, o cabelo despenteado. Sou uma criança, não podia pôr isso no perfil. Será possível chorar de ternura? Sabes que associo sempre a palavra cordeiro à palavra ternura? Será pela semelhança fonética, ou pelo significado que atribuo ao bicho?

Não há nada que se coma em tua casa? Estou cheio de fome. Por falar em bichos.

Tudo continua, tudo continua sempre. A tua fome, as árvores, os sons, o sono. Apesar de tudo mudar, inclusivamente eu, que já aprendi a gostar de uma certa oscilação. Agora que penso, será o facto de se manterem que me faz achá-los fantásticos? À tua fome, às árvores, aos sons, ao sono. Como se me protegessem. Acharei belo o que é perene? Comover-me-ei com o transitório por contraposição ao que é eterno? Será natural esta minha alienação, esta minha estranheza? Já não sei qual dos estímulos me provocou esta reacção, a minha amígdala resolveu disparar e eu nem sei porquê. Talvez o teu amor, ou a música do Rodrigo Leão, ou a minha fome, ou o meu cordeiro, que por sinal está óptimo, come-o. Ando a falar bastante em comida nos meus textos, notaste? Tens este efeito em mim, fazes-me disparar a amígdala de cada vez que te vejo, como se fossem todos os estímulos de toda a minha vida em conjunto a saírem num jacto. Bem sei que sou melodramática, mas ando a precisar de um certo romantismo. São muitos anos a andar para a frente, a andar para a frente. Foi tanto tempo que me apaixonei pela minha planta, e pela tua fome, e pela minha árvore, e pelo meu sono. Como uma tensão tão grande que se acumula e sai para todos os lados, basta tocar-me ao de leve, ou sentir-me de manhã quando acordo. Penso e sinto as várias partes do corpo, e o lençol a passar-me pela pele pela pele. Apesar de tudo mudar, tudo mudar sempre. Apesar da angústia. É um conforto a minha pele no lençol.

2 comentários:

fifi disse...

tens cordeiro saboroso em tua casa?! epà!!! quando me convidas para uma almoçarada dessas?
ou jaquinzinhos (sim sim, por favor) e dentro do estilo também deliro com peixinhos da horta :)

inês disse...

Já vi que essa gata anda com fome...:)Vamos lá a isso, juntemos as gatas. Bem sabes que nesta casa há sempre comidinha dessa boa...! :)))))))))))