domingo, 21 de junho de 2009

Não és tu, pois não Charlie?

Por que me hablas?

No sé.

Bueno. Y te quedarás en silencio?

No tengo nada para decirte. Pero supe que te quería hablar. Me entiendes si te hablar en portugués?

No te entiendo de todo. En cualquier lengua.

Bom, assim posso escolher a que me apetecer. Aquela em que me exprima melhor. Espera um segundo, tocaram-me à porta. Deixa-me só ver quem é.



Publicidad. El ordenador se queda loco com mis cambios de personages. Ya no sabe lo que corrigir.

Ah claro.

Soou-me a crítica a tua confirmação. Achas que há quem seja realmente só um?

Julgo que não. Mas talvez haja quem se sinta um mais facilmente. E não estarás a projectar a auto-crítica?

De que dependerá essa facilidade?

Talvez o facto das várias personagens serem condescendentes umas com as outras. Ou darem-se tão bem que podem falar e gritar todas ao mesmo tempo sem que ninguém se zangue. Ou uma delas dominar sem que dês conta, e fica o assunto resolvido.

E as outras não aumentam de tamanho ao longo do tempo se forem estranguladas? Imagino-as a ficarem gordas de raiva por não as deixares existir.

É um risco, sim. Vês, essa é outra a falar. Não notas pelo tom?

É verdade. Foi repentino, mas talvez porque comecei a falar contigo, e não com o meu interlocutor anterior. Não será bem outra, apenas uma conjugação diferente. Charlie, se não somos um, o que muda? Apenas um deles?

Talvez. Mas bem sabes como a parte afecta o todo. Dizem eles que essa mudança será de segunda ordem. Muda-te a existência.

Não devia ser de primeira, dada a sua importância? Desculpa. Não queria de todo vir parar a este tema, mas poderia nunca mais ter tempo para ele. De vez em quando começo a ficar assim, com as mãos suadas, à espera que me venham os temas e as palavras certas para me sentir. À espera. À espera. E nada. Devia aprender mais línguas, talvez conseguisse sentir-me em russo, ou em japonês. Quem sou eu, hoje? кто я сегодня? Сегодня я русский. Eu hoje sou russa. Perdão pela minha loucura, sabes como é. Isto de haver traduções online é uma tentação. Estou sempre a ver se me traduzem. Será que a minha loucura é trans-cultural, Charlie? Esta coisa de tudo ser histórica e culturalmente situado amarfanha-me. Preciso de algumas generalidades.

Esses tradutores não são bons. Olha para essa construção…esperemos que não haja russos por aqui, e com a quantidade de gente que te anda a visitar terás de rezar para tal não acontecer. Temos de desconstruir-te, bichinha! Ver em que língua funcionam os vários órgãos, e como chegaram a essas construções frásicas. Analisar esse baço, histórica e culturalmente situado. E esse estômago, e essa garganta, que parece que anda ressentida por falares tão pouco. Já sabes que a tua garganta é exigente. E lobinho…

Tu nunca me chamas lobinho.



Quem está aí? Não és tu, pois não Charlie?

2 comentários:

míscaro disse...

Alo...
gosto da mudança de cenário.
Tenho fotos tuas giras p te enviar...

Bjs

inês disse...

:) achei que estava a precisar de uma nova cara. ainda bem que gostas.

e quero esse material que aí tens...

Beijinhos