sábado, 30 de agosto de 2008
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Oeste (clique aqui)
Há raros momentos em que sinto uma felicidade quase eterna. Também te acontece?
Mais ou menos. O que queres dizer com isso?
Momentos breves. Em que tudo o resto se desfaz. Quase como se naquele momento atingisses a compreensão absoluta de tudo. E é tão simples.
HUmm. Talvez…mas simples como? Parece-me uma coisa complicada de fazer.
Sim, é complexo. Mas de repente simples. É difícil explicar. E também não tem uma única causa, nem as várias causas são visíveis. Parece às vezes obra do acaso. Mas naquele momento, naquele preciso momento, há uma tranquilidade que chega a ser um pouco assustadora. E em que a vida se transforma em algo estranhamente simples. Andamos todos aqui às voltas, às voltas, quem tem mais poder, sempre o poder sempre o poder e falo de poderes pequenos, que cá para mim são os piores. Ou poderes escondidos. Dá-me cá qualquer coisa e eu compenso-te o esforço, olha afinal não te posso compensar, não é o meu timing. Relações. Parece-me pouco puro, entendes? Na maior parte das vezes. E depois estes momentos. Pureza será talvez a palavra mais apropriada.
Momentos como quais?
Vinha há pouco a conduzir de volta e pareceu-me atingir. Essa felicidade. Cantava ao som do CD. De novo as luzes da cidade a aparecer ao longe, já percebi que é uma imagem que me comove. Talvez por me lembrar a sensação de, em criança, vir suja e queimada do fim-de-semana. Engraçado, também vinha dos teus lados. Veio-me agora à cabeça andar de bicicleta no meio das silvas, e dos dois cães ameaçadores da quinta do espanhol. Enfim, mas o assunto não tem a ver com recordações. Ou terá, não sei se não tem tudo. E o carro a andar, uma libertação. Como se houvesse um caminho a seguir, e ele se revelasse nesse instante, enquanto andava, andava. Sim, uma revelação. Como quando de repente nos surge a resolução de um problema de matemática. Um momento breve de alívio, e em que relações tão complexas se transformam num conjunto simples. Tão simples. Tão simples. Como a imagem da praia de hoje.
Ah…gostaste? A minha praia preferida.
Tão complexamente bonito, e tão transparentemente simples. A sensação da pele queimada pelo sol. Das pernas a passar pelas silvas. Nessa altura indicavam-me o caminho, e eu deixava-me ir, deixava-me ir. E agora sou eu a conduzir. O meu caminho. Uma dificuldade em deixar que me levem, falámos hoje sobre isso. Força das circunstâncias, mas isso dará outro texto. Com o cabelo sujo, e com a imagem, clara, de que a vida é só isso. Com tudo o resto lá dentro.
Mais ou menos. O que queres dizer com isso?
Momentos breves. Em que tudo o resto se desfaz. Quase como se naquele momento atingisses a compreensão absoluta de tudo. E é tão simples.
HUmm. Talvez…mas simples como? Parece-me uma coisa complicada de fazer.
Sim, é complexo. Mas de repente simples. É difícil explicar. E também não tem uma única causa, nem as várias causas são visíveis. Parece às vezes obra do acaso. Mas naquele momento, naquele preciso momento, há uma tranquilidade que chega a ser um pouco assustadora. E em que a vida se transforma em algo estranhamente simples. Andamos todos aqui às voltas, às voltas, quem tem mais poder, sempre o poder sempre o poder e falo de poderes pequenos, que cá para mim são os piores. Ou poderes escondidos. Dá-me cá qualquer coisa e eu compenso-te o esforço, olha afinal não te posso compensar, não é o meu timing. Relações. Parece-me pouco puro, entendes? Na maior parte das vezes. E depois estes momentos. Pureza será talvez a palavra mais apropriada.
Momentos como quais?
Vinha há pouco a conduzir de volta e pareceu-me atingir. Essa felicidade. Cantava ao som do CD. De novo as luzes da cidade a aparecer ao longe, já percebi que é uma imagem que me comove. Talvez por me lembrar a sensação de, em criança, vir suja e queimada do fim-de-semana. Engraçado, também vinha dos teus lados. Veio-me agora à cabeça andar de bicicleta no meio das silvas, e dos dois cães ameaçadores da quinta do espanhol. Enfim, mas o assunto não tem a ver com recordações. Ou terá, não sei se não tem tudo. E o carro a andar, uma libertação. Como se houvesse um caminho a seguir, e ele se revelasse nesse instante, enquanto andava, andava. Sim, uma revelação. Como quando de repente nos surge a resolução de um problema de matemática. Um momento breve de alívio, e em que relações tão complexas se transformam num conjunto simples. Tão simples. Tão simples. Como a imagem da praia de hoje.
Ah…gostaste? A minha praia preferida.
Tão complexamente bonito, e tão transparentemente simples. A sensação da pele queimada pelo sol. Das pernas a passar pelas silvas. Nessa altura indicavam-me o caminho, e eu deixava-me ir, deixava-me ir. E agora sou eu a conduzir. O meu caminho. Uma dificuldade em deixar que me levem, falámos hoje sobre isso. Força das circunstâncias, mas isso dará outro texto. Com o cabelo sujo, e com a imagem, clara, de que a vida é só isso. Com tudo o resto lá dentro.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Acrescentos
Bom dia Dra!
Bom dia! Mas que boa disposição…
Hum, não sei se lhe diga a verdade ou não.
Então? Sobre o quê?
Sobre a minha disposição.
Mas não é para isso que aqui está?
Sinceramente, já não sei bem…porque ando por aqui. E na verdade ando a sentir-me bastante irritada. Por estas conversas nossas andarem a revelar-se tão importantes para mim. Esta minha dificuldade no corte deixa-me apreensiva.
É natural, sobretudo com a sua história.
Ah, quer dizer que não acontece sempre assim.
Não.
Porque acha que me sinto tão mal? Com este…desmame. Não é assim que lhe chamam? Ando sempre com medo de que esta relação se tenha tornado demasiado importante. E sinto como se vir aqui fosse uma fraqueza minha.
Por que há-de considerar “conversar” uma fraqueza?
Porque me há-de faltar um dia. Porque toda a gente falta, ainda que sempre lá. Não sei se esta será a verdade ou se é uma aprendizagem incorrecta. Perdão, não é a aprendizagem que é incorrecta, é a generalização da aprendizagem. Fico com medo de me perder de um caminho que me parecia o correcto. A consciência da solidão.
O medo é adaptativo. A chave é controlá-lo. Já falámos sobre isso.
Estou cansada de ter comportamentos adaptativos. Mas que peso. Tudo é adaptativo. O medo é adaptativo, mas controla. Amar é adaptativo, mas controla. Falar é adaptativo, mas controla. Comer é adaptativo, mas controla. Desarrumar é adaptativo, mas controla. Dar é adaptativo, mas controla. Receber é adaptativo, mas controla. Não quero controlar nada, nem ter consciência de nada. Ser, sem pensar no que devo ser, por mim e pelos outros. Porque hei-de ter medo de lhe contar que durmo com as meias a segurar as calças? E de lhe dizer que gosto tanto de favas com morcela? Porque hei-de ter medo de falar consigo, e de que isso se torne demasiado importante?
Porque estamos absolutamente sozinhos. Julgo que essa aprendizagem é generalizável. Ainda que a nossa realidade esteja na relação com o mundo. Tenho mudado muito mas nisso ainda acredito.
Não entendo. Defende que o significado vem da relação, mas que no fundo estamos sós. Como conjuga as duas coisas? Que significado ganham os outros na nossa vida? Que significado tem na minha vida?
Ai páre mulher! Que me deixa ansiosa! Tantas perguntas! O que é que eu sou? Julgo que lhe sou essencial. Como muitas outras pessoas na sua vida. Com a consciência, sua, de que sou só um acrescento.
Bom dia! Mas que boa disposição…
Hum, não sei se lhe diga a verdade ou não.
Então? Sobre o quê?
Sobre a minha disposição.
Mas não é para isso que aqui está?
Sinceramente, já não sei bem…porque ando por aqui. E na verdade ando a sentir-me bastante irritada. Por estas conversas nossas andarem a revelar-se tão importantes para mim. Esta minha dificuldade no corte deixa-me apreensiva.
É natural, sobretudo com a sua história.
Ah, quer dizer que não acontece sempre assim.
Não.
Porque acha que me sinto tão mal? Com este…desmame. Não é assim que lhe chamam? Ando sempre com medo de que esta relação se tenha tornado demasiado importante. E sinto como se vir aqui fosse uma fraqueza minha.
Por que há-de considerar “conversar” uma fraqueza?
Porque me há-de faltar um dia. Porque toda a gente falta, ainda que sempre lá. Não sei se esta será a verdade ou se é uma aprendizagem incorrecta. Perdão, não é a aprendizagem que é incorrecta, é a generalização da aprendizagem. Fico com medo de me perder de um caminho que me parecia o correcto. A consciência da solidão.
O medo é adaptativo. A chave é controlá-lo. Já falámos sobre isso.
Estou cansada de ter comportamentos adaptativos. Mas que peso. Tudo é adaptativo. O medo é adaptativo, mas controla. Amar é adaptativo, mas controla. Falar é adaptativo, mas controla. Comer é adaptativo, mas controla. Desarrumar é adaptativo, mas controla. Dar é adaptativo, mas controla. Receber é adaptativo, mas controla. Não quero controlar nada, nem ter consciência de nada. Ser, sem pensar no que devo ser, por mim e pelos outros. Porque hei-de ter medo de lhe contar que durmo com as meias a segurar as calças? E de lhe dizer que gosto tanto de favas com morcela? Porque hei-de ter medo de falar consigo, e de que isso se torne demasiado importante?
Porque estamos absolutamente sozinhos. Julgo que essa aprendizagem é generalizável. Ainda que a nossa realidade esteja na relação com o mundo. Tenho mudado muito mas nisso ainda acredito.
Não entendo. Defende que o significado vem da relação, mas que no fundo estamos sós. Como conjuga as duas coisas? Que significado ganham os outros na nossa vida? Que significado tem na minha vida?
Ai páre mulher! Que me deixa ansiosa! Tantas perguntas! O que é que eu sou? Julgo que lhe sou essencial. Como muitas outras pessoas na sua vida. Com a consciência, sua, de que sou só um acrescento.
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Férias
Vamos ter de interromper as nossas conversas.
Porquê?
Vou de férias.
Ooooh. Férias de quê?
Férias da vida normal.
Tens uma vida normal?
Pois não sei. Normal para mim. A habitual. Embora tenhas razão, queixo-me bastante da falta de rotinas. Se calhar as minhas férias serão isso mesmo, finalmente encontrar uma rotina. O que ainda as torna mais importantes. Às férias. E depois, este afastamento entre nós também é bom.
É bom porquê? Fico a sentir-me um pouco só.
Pois, eu também. Mas dá-nos espaço para as nossas outras conversas. Com os outros reais. Ou serão menos reais? Do que nós.
Vês, vais-me fazer falta com essas perguntas. Quando voltas?
Lá para meio do mês.
Vê ao menos se aproveitas.
Bem sabes que não gosto muito dessa palavra. Aproveitar. Uma pressão indefinida. Mas não vou explorar temas neste texto, não tinha esse propósito e não quero ter. Propósitos. O futuro em aberto. Como se ele alguma vez estivesse fechado, ou aberto. Estou de férias mas a cabeça não deixa de trabalhar. E tu, cuida de ti, por cá. Com a certeza de que volto.
É bom saber. Não entro no tema das certezas, já o temos discutido. Mas a tua vontade de me dar uma certeza é já por si reconfortante. E securizante.
Inté.
Inté.
Porquê?
Vou de férias.
Ooooh. Férias de quê?
Férias da vida normal.
Tens uma vida normal?
Pois não sei. Normal para mim. A habitual. Embora tenhas razão, queixo-me bastante da falta de rotinas. Se calhar as minhas férias serão isso mesmo, finalmente encontrar uma rotina. O que ainda as torna mais importantes. Às férias. E depois, este afastamento entre nós também é bom.
É bom porquê? Fico a sentir-me um pouco só.
Pois, eu também. Mas dá-nos espaço para as nossas outras conversas. Com os outros reais. Ou serão menos reais? Do que nós.
Vês, vais-me fazer falta com essas perguntas. Quando voltas?
Lá para meio do mês.
Vê ao menos se aproveitas.
Bem sabes que não gosto muito dessa palavra. Aproveitar. Uma pressão indefinida. Mas não vou explorar temas neste texto, não tinha esse propósito e não quero ter. Propósitos. O futuro em aberto. Como se ele alguma vez estivesse fechado, ou aberto. Estou de férias mas a cabeça não deixa de trabalhar. E tu, cuida de ti, por cá. Com a certeza de que volto.
É bom saber. Não entro no tema das certezas, já o temos discutido. Mas a tua vontade de me dar uma certeza é já por si reconfortante. E securizante.
Inté.
Inté.
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