quinta-feira, 17 de julho de 2008

Logicamente

Piano.

Canto.

Pássaro.

Lobo.

Uivar.

Não vale verbos.

Que chata, que interessa essa regra? Uivo.

Estou cansada. Podemos parar? Este jogo.

Também estou cansada, sim. Mas vicia. Encadeiam-se de tal maneira, ficava horas. Ainda bem que resolveste parar.

Não gosto. Ou não gosto nesta altura. Preciso de tranquilidade. Aí está uma diferença.

Em quê?

Em mim. Noutra altura continuaria. Um equilíbrio difícil mas necessário, porque também tem vantagens. O jogo. Leva-me a produzir. A cabeça rodopia, o estômago aperta, a tensão aumenta, até que sai. Não sei se o processo tem necessariamente de ser assim. Porque se tem…

Se tem…

Se tem não quero. Vou mudar de vida. Não tenho nervos de aço.

Oh, e achas possível mudar? Mesmo que não tenhas mais palavras, arranjarás outra forma. De tensão.

Talvez. Mas sentia que havia um caminho diferente. Uma necessidade de paz. Um gosto pelo silêncio. Sem jogos.

Isso não existe.

Uma solidão que também leva a uma tensão, mas de outro tipo, ou talvez de outra forma. Uma mente cheia também, mas não de novelos de palavras. Lá vem o novelo outra vez, mas olha, não me apetece trocar. Um bloqueio produtivo. Nas palavras. Abrir possibilidades, dizem os terapeutas. Confundir. Surpreender. Bloquear para desbloquear. Lá vou eu parar aos mesmos temas, eu bem tento misturá-los.

Não percebo. Porque não consegues ter um discurso lógico?

Bloquear a lógica habitual, dizem. Tenho as minhas dúvidas. O que é certo é que a aprendemos, esta lógica. E por alguma razão ela sobreviveu. Resta saber se é a mais adequada. A das palavras. Porque incrustamos em lógicas não adaptativas? No sentido de não nos fazerem felizes.

Olha Rosa, deixa-me aqui na esquina, escusas de estar a dar a volta para me deixares em casa. Amanhã às 10.30. O de sempre. E cuida-te…!

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